quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Agosto - Mês Vocacional

Minha avó paterna sempre contava que meu pai, quando pequeno, queria ser padre. Chegando o dia da despedida dois cavalos esperavam o vocacionado de malas prontas, para ir ao seminário. As vizinhas se reuniram para ajudar no que fosse necessário.
Meu pai ficou apavorado com as preocupações das mulheres: Se o menino adoecer, quem será por ele? E se ficar com saudades, poderá voltar para casa? No Seminário, quem vai fazer de pai e de mãe? Não vai viver sozinho, como cachorro sem dono? Será que se acostuma à comida feita em grande quantidade, como aos soldados no quartel? E assim por diante.
Quando chegou a hora de partir, meu pai já estava escondido no mato e só voltou para casa na escuridão da noite. Assim não ficou padre. Mas sempre se dedicou à comunidade e às vocações sacerdotais e religiosas.
Aliás, vocação naquele tempo, era sinônimo de padre, irmã religiosa e irmão religioso. Foi o Concílio Ecumênico Vaticano II que mudou a mentalidade. Meu pai ficaria admirado se lesse a orientação sobre o “Mês Vocacional”, no Diretório da Liturgia de 2010. O mês de agosto, conforme o costume da Igreja no Brasil, é dedicado à oração, reflexão e ação nas comunidades sobre o tema das vocações. Por isso, lembra-se:
1.   1ª semana: vocação para ministério ordenado: diáconos, padres e bispos;
2.   2ª semana: vocação para a vida em família (atenção especial aos pais);
3.   3ª semana: vocação para a vida consagrada: religiosos(as) e consagrados(as) seculares;
4.   4ª semana: vocação para os ministérios e serviços na comunidade.
Muito oportuna a admoestação do apóstolo Pedro a todas as vocações: “Por isso, irmãos, esforçai-vos por consolidar vossa vocação e eleição. Se agirdes assim, não tropeçareis” (2 Pd 1, 10).
E o apóstolo Paulo, depois de chamar a atenção de que “cada um de nós recebeu a graça na medida do dom de Cristo, explica: “A uns nomeou apóstolos, a outros profetas, evangelistas, pastores e mestres para a formação dos consagrados na obra confiada, para construir o corpo de Cristo” (Ef  4, 11-12).
Aproveitemos o “Mês Vocacional” para refletir sobre as diversas vocações na Igreja, apoiar as pessoas vocacionadas e orar pela sua perseverança.
Dom Aloísio Sinésio Bohn

Vocação Sacerdotal, um Chamado de Deus

A vocação ao sacerdócio é:

- Um mistério de amor entre Deus que, por amor, chama ao homem que, também por amor, lhe responde livremente.
- Um chamado para ser a ponte entre Deus e os homens.
- Um chamado a continuar no mundo e salvá-lo, mas não ser mais do mundo.
- A decisão de um jovem que quer dedicar a vida para ajudar aos irmãos a salvarem suas almas e a tornar este mundo mais conforme com o que Deus pensou.


A vocação ao sacerdócio não é:

- Um sentimento: costuma-se dizer ´eu sinto a vocação´. Na verdade a vocação não se sente. É, antes, uma certeza interior que nasce da graça de Deus que me toca a alma e que me pede uma resposta livre. Caso Deus chame, a certeza irá crescendo na medida em que a sua resposta for mais generosa.
- Um destino irrevogável, iniludível: Muitos acreditam que quem tem a vocação vai porque vai. Não! A vocação é um mistério de amor e o amor é livre. Se eu não respondo com generosidade, o chamado de Deus fica frustrado.
- Um refúgio para quem tem medo da vida.
- Uma carreira como qualquer outra. Não! É uma história de amor.
- Uma segurança matemática. Na verdade, na vocação sacerdotal você tem que aceitar o risco do amor, mas lembre-se: é um risco nas mãos de Deus.